18 de setembro de 2009

POWER LUNCH








Convidar alguém para um almoço de trabalho obedece a alguns cuidados básicos.

Vamos imaginar que quer fazer um almoço discreto - não é boa ideia levar o seu convidado para a Bica do Sapato, nem para o Olivier Avenida, nem tão pouco para a Vela Latina ou a Brasserie Flo - embora os públicos sejam diferentes, é certo que vai encontrar alguém conhecido.

Se o convidado gosta de comidas leves, digamos assim, pode ser boa ideia levá-lo ao Solar dos Presuntos ou ao Solar dos Nunes, locais que alguns Ministros gostam de frequentar para manter o nível calórico dos jantares partidários de fim de semana: lombo de porco assado ou bacalhau espiritual.

Se no entanto pretende mostrar a vastidão do plaffond do seu cartão de crédito, o buffet da Varanda do Ritz ao almoço, o Tavares ou o Gambrinus serão o sítio ideal - embora também em qualquer deles arrisque alguns encontros imediatos do terceiro grau.

Se quiser um bom almoço discreto, sugira por exemplo o Spot S. Luiz, no Chiado, ao lado do teatro do mesmo nome - a cozinha é boa, nunca está muito cheio, e não corre riscos nem de qualidade, nem de preço, nem de surpresas desagradáveis.

Os norte-americanos têm a expressão ideal para estes almoços - "power lunch".

São ocasiões para mostrar poder, para conseguir aliados, para estabelecer ligações que podem ser úteis no futuro. Um conselho básico é começar por encontrar um restaurante onde se sinta bem, que saiba ser frequentado por pessoas do meio profissional onde se move, e apostar nele a fundo.

Ao fim de meia dúzia de visitas o pessoal de mesa começará a conhecê-lo tanto melhor quanto mais se recordar da generosidade das gorjetas que deixa.

Faça o favor de investir nas gratificações - já que vai colocar a refeição como despesa de representação não seja somítico e deixe do seu bolso o que gastaria se fosse comer a um restaurante da esquina do seu escritório - é a sua participação pessoal na criação de uma rede de influência - com o tempo verá que é um bom investimento.

Um almoço de trabalho não é uma refeição à borla, é parte da criação da rede de cumplicidades que um dia lhe será útil, desde coisas tão simples como receber uma informação que lhe permitirá ser mais rápido que a sua concorrência.

Quando estiver à vontade num restaurante aventure-se em mais um e, depois, em mais outro. Vá lá também de vez em quando, a título pessoal, para mostrar que gosta da casa mesmo quando a conta não vai para o cartão de crédito da empresa, mas para o seu.



Ser conhecido num restaurante, distinguir o menu do almoço daquele do jantar, é um trunfo importante:
Sabe lá se uma dia destes não tem que servir de anfitrião, à noite, a um associado estrangeiro de visita de trabalho a Portugal - tudo fica mais fácil se ele perceber que você é conhecido e bem tratado no local onde o leva e que, ainda por cima, lhe pode dar boas sugestões sobre as escolhas possíveis.


A escolha de um restaurante é uma encenação para a conversa que vai querer ter.

Veja sempre qual o melhor cenário: depende se for para a guerra, se quiser a paz, ou muito mais prosaicamente se quiser apenas fazer a coisa mais importante do mundo; uma boa conversa para trocar experiências e informações.



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